quinta-feira, 25 de agosto de 2016

Aqui a gente caça é saci


O TRABALHO DA ARTE

Chamar artista de vagabundo é fácil, quero ver fazer o que a gente faz. Valor do trabalho: 46 anos de poesia. Pra fazer uma caixa de cordéis sem patrocínio de ninguém é assim: Primeiro o escritor escreve, leva alguns meses escrevendo e revisando o texto e submetendo a outras leituras, depois criamos a capa ou chamamos outro artista pra criar a capa, um designer faz a montagem e envia para gráfica, mandamos para impressão que é feita por outro trabalhador, que é feito de papel que foi feito por um monte de trabalhadores na indústria, depois a gente cria a caixa, faz o esboço, manda para outro trabalhador, um marceneiro, fazer a caixa, depois dela pronta, um outro trabalhador faz o figurino da performance, depois do figurino, outro trabalhador faz o cenário, depois a gente envia o material para imprensa por meio de um trabalhador do transporte, depois um outro trabalhador, o jornalista, divulga, depois apresentamos o trabalho para o público num espaço em que um iluminador faz a iluminação do local da apresentação e um faxineiro limpa o local, neste local que foi construído por outro trabalhador. o público assiste à performance e tem acesso ao trabalho impresso, depois levamos os cordéis para o local onde será vendido por outro trabalhador. Sem contar o tempo de horas/bunda que fazermos de divulgação nas redes sociais. convidando e difundindo o trabalho. Depois o cordel voa por aí nas mãos de professores e leitores. Entendeu? Ou quer que desenha? Respeite o valor da arte. Arte é trabalho sério. Ricardo Evangelista, BH, 25/8/16.

segunda-feira, 8 de agosto de 2016