quarta-feira, 30 de novembro de 2011

QUEBRA CABEÇA DE TROVAS E JOGO DA VELHA LITERATA

Em breve divulgaremos aqui imagens dos jogos poéticos, interativos e lúdicos, feitos de madeira, que criei em parceiria com George Almeida ( fazedor/inventor de Jogos de Desafio e Quebra-Cabeça).

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

SARAU TROPEIRO DE POESIA VIRTUAL



Olá amigos,

O Sarau Tropeiro de Poesia Virtual agora é  no facebook. Proponho um desafio a cada mês e vocês publicam direto, basta enviar. Imanginação e dedos à obra. Este mês de novembro o desafio é que cada um crie sua RECEITA DE PAZ e nos mande. Adicione facebook.com/ricardoevangelista2

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

BRINCADEIRAS COM AS PALAVRAS


RECEITA DE PAZ


Este poema eu criei há mais de 2 anos e agora divulgamos no Paz e Poesia. Neste 2011, recebeu a ilustração criativa e inteligente do artista Richardson. O trabbalho de webdesigner é do poeta e amigo Marco Llobus. Essa moçada trabalha bonito,né verdade!!! Em breve estará em camisetas e panos de prato. Caso queiram adquirir entre em contato no (31)96920283 ou mandem email: ricardoevangelista@bol.com.br

terça-feira, 15 de novembro de 2011

STOMP!!!!! DUCARVALHO


Poema


PROCLAMEMOS A RES PÚBLICA DA ESBÓRNIA


PROCLAMEMOS A RES PÚBLICA 4


PROCLAMEMOS A RES PÚBLICA 3


PROCLAMEMOS A RES PÚBLICA 2


PROCLAMEMOS A RES PÚBLICA!!


OROPA, FRANÇA E BAHIA


Pão e poesia


SALVE ZUMBI


preto no branco


                    ponho o preto no branco
                              não se negue nem se zangue
                    tem branco com sangue de preto
                              tem preto com branco no sangue
                    aponte o dedo do preconceito
                              que ponho do dedo na ferida
                    quem discrimina morre de medo
                              ou se acha com rei na barriga
( in Mineral, Ricardo Evangelista, Editora Rede Catitu Cultural, primavera de 2010 )


quarta-feira, 2 de novembro de 2011

O QUE MUDOU NA CULTURA?

Isso ocorreu em fins da década de 1990. Então perguntamos, pois saber sabemos tão pouco. Afinal, ( nós) cidadãos de segunda classe não estudamos em Paris, nem nos EUA. O que mudou? Montes e montes de projetos aprovados em lei e quem captou? Nesse país ninguém responde. É melhor tapar o triste sol escaldante com a peneira da hipocrisia.


O Suicídio do Artista 

Augusto Boal

- “Graças a V. Exa., podemos agora escolher nossos artistas!” – disse ao Ministro da Cultura um empresário feliz, em pública reunião, faz dois ou três anos, agradecendo-lhe a privatização da cultura.

Tempos atrás, cabia ao Ministério e às Secretarias, com quase exclusividade, o patrocínio das artes. Hoje, vai-se de porta em porta, pires, pratos de sopa ou cornucópias na mão! – o tamanho de recipiente depende da intimidade que se tenha com o poder. Para as empresas, alegremente autorizadas a usar dinheiro de impostos na estética publicidade dos seus produtos, foi grande negócio. Para os artistas, creio que não: dou meu singelo testemunho.

No ano passado, graças ao CCBB, dirigi uma experiência teatral de certa magnitude, a SambÓpera CARMEN, na qual se respeitavam as melodias de Bizet casadas com nossos ritmos.

Sucesso extraordinário. Tanto, que o New York Times publicou tremenda reportagem recheada de fotos do espetáculo que, para o jornal, não tinha equivalente em mais de cem anos de vida dessa ópera – agradável exagero! O diretor do Festival Paris-Quartier d´Été acudiu correndo, e convidou CARMEN para se apresentar no coração de Paris, no Palais Royal, teatro de mil lugares, cercado pelo Louvre e pela Commedie Française, em julho passado.

CARMEN é, por excelência, a ópera nacional francesa: sua versão sambística, em Festival tão prestigioso, causou espanto e admiração. Felizes, resolvemos reincidir e preparamos outra SambÓpera: Verdi, LA TRAVIATA, homenagem ao quarto centenário do gênero Ópera que nasceu com a famosa EURÍDICE de Peri-Rinuccini, composta para celebrar o casamento do Rei Henrique IV com Maria de Médicis.

Maiores atrativos publicitários, impossível: samba, ópera, Verdi, Bizet, Times, Paris, Festival... Estávamos certos de que os empresários fariam fila à nossa porta, gritando ofertas como se estivessem em pregão da Bolsa de Hong-Kong.

Não estavam... Fomos à cata da produção com cinqüenta cópias do nosso Projeto, CDs e partituras. A maioria das empresas consultadas já disse que o projeto é belíssimo: “Você, Boal, sempre inventando, heim?... porém... não combina com os nossos produtos.” Os comerciantes querem vender: nada mais lógico. Loucura nossa pensar que uma heroína-prostituta, que morre tuberculosa no quarto ato, fosse capaz de vender espaguete ou pertences de feijoada, por exemplo. Deveríamos, talvez, ter procurado um fabricante de penicilina ou pneumotórax: erro nosso!

Diante da ameaça de novas e contundentes recusas, pensei que, se não são mais os artistas que determinam seus próprios caminhos e sim os empresários - a quem devemos respeitosamente ajudar a vender suas mercadorias! - mais cedo do que se pensa, nossa arte, já razoavelmente moribunda, estará à beira do falecimento total e definitivo, em cova rasa.

Como denunciar essa morte silenciosa? Pois que de outra coisa não se trata, se não de morte, o fato de se deixarem artistas sem patrocínio. De que serviria Van Gogh sem pincéis e tintas? Beethoven e Mozart sem piano ou cravo? Embora eu não saiba tocar nenhum instrumento musical, por mais reles reco-reco que seja, nem tenha intimidades cromáticas com pincéis e tintas, pensei em suicídio. O Suicídio do Artista Sem Patrocínio!

O exemplo me veio do Vietnã: monges se matavam afim de atraírem a atenção do mundo sobre a guerra iníqua. Conhecendo as necessidades da propaganda, não morriam confortáveis em suas camas, solitários, ou bebendo cicuta em canudinho, como Sócrates, entre bons amigos: eram espetaculares e, em praça pública, ateavam-se fogo às vestes, diante de flashes e câmeras de TV.

Pensei que o Suicídio do Artista Sem Patrocínio deveria seguir as mesmas normas de teatralidade daqueles religiosos. No Brasil, porém, as pessoas andam tão atarefadas, completando seus magros salários correndo de um emprego a outro, que um homem, esturricando-se ao sol do meio dia, no Largo da Carioca, talvez não atraísse o público desejado; talvez não desse Ibope. Imaginei, então, uma orquestra modesta que atraísse transeuntes para perto do suicida: eu, é claro, porque nenhum dos meus colegas - sempre tão solidários e mesmo achando a idéia ótima! - aceitou o sacrifício, por mais que eu insistisse. Deviam ter lá suas razões.

Sendo a música de boa qualidade - como é, no nosso caso! – talvez corrêssemos o risco inverso, atraindo demasiada platéia: seria então necessário construir uma plataforma sólida para o incendiado, e arquibancadas à prova de fogo para os ávidos espectadores.

Labaredas são mais atraentes e coloridas em silenciosa noite escura do que ao sol gritante. Portanto, nosso espetáculo pirotécnico deveria ser realizado depois do anoitecer, o que nos obrigaria à instalação de, pelo menos, 20 ou 30 refletores.

Para gerir esse belo espetáculo incendiário, necessitaríamos maquinistas, eletricistas, e teríamos que contratar uma boa agência de promoções, imprimir convites e um programa explicativo da filosofia do evento – pois que a tinha! - em bom papel de seda, etc. Sobretudo, fazia-nos falta um excelente produtor.  Isso não se faz sem dinheiro.

Recorremos então aos Captadores de Recursos, profissão inventada pela atual Lei de Incentivo à Cultura, como contribuição ao combate ao desemprego: são especialistas encarregados de fazerem as empresas soltarem a grana.

Até hoje nenhum Captador respondeu, sequer, à nossa demanda. O maravilhoso e emocionante espetáculo do Suicídio do Artista Sem Patrocínio fica, assim, adiado sine die... por falta de patrocínio. Talvez para logo depois da silenciosa e recatada Morte da Arte e da Cultura.

Pede-se não mandar flores.

Se, porém, sua vontade de prestar esta última homenagem fúnebre à nossa cultura em coma for irresistível, sugere-se o envio de doações, ajudas, subvenções, etc., ou simples palavras de afeto, a algum jovem grupo de artistas cênicos ou plásticos, que saberão explicar porque escolheram dedicar suas vidas à arte e à cultura, ao invés de atividades mais lucrativas como os leilões e a Bolsa, nesta época em que o Lucro e o Deus-Mercado são a mais recente encarnação do bezerro dourado.