segunda-feira, 16 de agosto de 2010

NAS TRILHAS GERAIS DAS MINAS

Nas trilhas Gerais das Minas

ao poeta tropeiro Ricardo Evangelista


                             I

À nova Terra chegaram, cruzando os mares,
e nos litorais cruzes ergueram em prece,
em devoção, e para o assombro dos olhares

atentos dos nativos que o Trópico aquece,
desnudos e esbeltos, as faces em tinturas
encaram estandartes na praia elevados,

índios, sem saber, cavam suas sepulturas,
na oferta de presentes com brilhos dourados
guiando os Estrangeiros às tantas minas;

e as ambições após navegares tediosos
retribuindo às tribos sangrentas sinas,
e rumo ao Eldorado seguiam corajosos,

com seus coletes romperam as ramagens,
enfrentaram a Muralha que os desafia,
nas ravinas vislumbrando novas paisagens,

ao avançarem no ermo mesmo em agonia,
todo um ondular de serras p'ra cavalgar,
prenhes de promessas atrás do horizonte,

e pedras raras entre os dedos afagar -
e seixos que jazem fundos em muitas fontes;
e desbravando os sertões sob o sol árido,

entre os arbustos retorcidos leve aragem,
para os que seguem em esforço assim impávido
para junto aos rios encontrarem pastagem.

Vencendo nos vales os fundos ribeirões,
se encontram singrando as infindas montanhas,
e na terra farejam as tropas de peões,

os dispersos bugres, e riquezas tamanhas,
extraindo minérios e povoados,
arraiais que serpenteiam pelas encostas

subindo das lavras com o ouro almejado
a atrair Forasteiros de praças remotas,
desde o Grande Rio com o gado descendo

com escravos de braços fortes, os Tropeiros,
junto aos filhos das Entradas convivendo
nas trilhas das Gerais e dos aventureiros.


continua...


Leonardo de Magalhaens

sábado, 14 de agosto de 2010

RIMAS GERAIS DAS MINAS DE LEONARDO MAGALHAENS

Rimas Gerais das Minas

ao poeta tropeiro Ricardo Evangelista


Empoeiradas estradas, de rubra terra
Pisada pelas muitas tropas rumo à serra

Onde flutua a neblina entre os ramos
Das encurvadas árvores que deixamos

Ao subirmos do vale ao arraial nascente
E que na busca do ouro encheu-se de gente:

“Tudo o que temos extraímos das lavras
Por isso na lida somos de pouca palavra,

Por desconfiança somos gente quieta
- Vertemos em suor tudo o que nos afeta;

O hoje viver, e não o amanhã em aberto,
No agitar das bateias o fado é incerto.”

Mas segue numa tropa mil mercadorias,
Junto aos muares de mascates tantos dias:

“Quem julga só de brilho viver, não cultiva,
Sem nossas carroças de grãos não há quem viva,

Daí em caravanas cruzamos os sertões
P'ra nas vilas poder alimentar os peões,

Dizem que levamos o ouro que extraem na lida,
Mas não é o preço p'ra se arriscar na vida?”

O bandeirante não suporta o luso falar,
E em nativo põe-se logo a confabular:

“Das Gerais os Emboabas devem sumir
Que as Minas são nossas enquanto existir;

Por ventura trilhamos as tantas pedreiras,
Ferindo nossos pés desnudos nas ladeiras,

Para tudo aos de botas grosseiras entregar,
Aos forasteiros que só querem nos expulsar?”

Meio ao pó, que da estrada sobe, podemos ver
As tropas nas vilas o comércio abastecer,

E nas vendas os peões facas afiando
E muitas senhoras, nos casarões, rezando:

O conflito na terra onde é preto o ouro
e quando, rubro se torna é mau agouro!


Leonardo de Magalhaens

SHOW "VIVA O FOLCLORE! COM O SARAU TROPEIRO- DIA 27/8/2010

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

POESIA NA PRAÇA SETE-SHOW DO SARAU TROPEIRO

POESIA NA PRAÇA SETE - ENTRE TAMOIOS E AFONSO PENA - ABERTO AO PÚBLICO
SHOW POÉTICO-MUSICAL "VIVA O FOLCLORE!" com o "SARAU TROPEIRO"- PARTICIPAÇÃO ESPECIAL DO PERCUSSIONISTA  GIBRAN MULLER.
DURAÇÃO:40MIN
ÁS 15 HORAS.